BESTIÁRIO (2)

19 d+00:00 Fevereiro d+00:00 2010

Eu, que tanto esculhambei as enciclopédias na minha ‘suíte iconoclasta”, recorro agora a um verbete da britânica pra a introdução da primeira leva de aquarelas dos bestiários medievais que abre este post.

“BESTIÁRIO – Gênero literário, em prosa ou verso, de caráter moralizante, que combina recursos da fábula e descrições de animais reais ou lendários. Bastante popular na Idade Média.
Redigidos em sua maioria em latim ou francês, os bestiários constituem documentos preciosos para o estudo da mentalidade medieval. Com sua visão poética do mundo, influenciaram o desenvolvimento da alegoria e do simbolismo na literatura e nas artes.
Redigido em prosa ou verso, bestiário foi um gênero literário popular na Idade Média, com intenção moralizante. Com base na idéia de que tudo na natureza é fonte de ensinamentos úteis à salvação do homem, depois de enumerar os caracteres físicos dos animais, muitas vezes fabulosos, acrescentava uma interpretação de que se tira conclusão moral.”

MAIS TRÊS DA SUÍTE ZAMENHOF:

DE BOIS ROUBADOS , AVESTRUZES E BEIJA-FLORES …

O Tuca Zamagna tava me devendo essa. Pescou um texto no Mundo Fantasmo do Bráulio Tavares — Um boi filosofando http://tucazamagna.blogspot.com/2010/02/um-boi-filosofando.html — e mesmo sabendo que eu estava reunindo material pra esse bestiário, egoistamente, levou o texto pro seu blog desconsiderando outros tantos que , generosamente, encaminhei pra ele.
Agora, paga a dívida com esse poema do delirante Fiophélio cujos manuscritos chegaram a suas mãos por vias tão estranhas quanto o pensamento do autor. Ele vem destrinchando o calhamaço e publicando aos poucos no Desinformação Seletiva.

E il volatile va

Um dia, no fel de um desamar de novo,
Cansei de ser um reles não-nascido
E rumei bem aquém do já vivido
Para ser o meu começo num ovo.
Como na vida – esta, toda em azuis –
Há que se ter grandeza em concretude,
Descartei a sutileza e a virtude
Do beija-flor: desabrochei avestruz.

Que graça pode haver em ser tal ave
Com asas inúteis e ar de corrupto? –
Perguntarão os mais meigos, de abrupto.

Não há espaço inexplorável, se a nave
É maior que o medo de pecar, mote
Da Humanidade em seu precário bote.

Fiophélio Nonato
(em Autobiografia de um não-nascido)

4 Responses to “BESTIÁRIO (2)”

  1. Pedro Seixas Says:

    Olá Hélio,
    Nos conhecemos em Lisboa quando de sua exposição por cá. Apreciei muito reencontrar sua obra, sempre de forte impacto.
    Uma pergunta:estes desenhos da suíte zamenhof são seus mesmo, pois não?
    Por demais bizarra a história dessa criatura…

    Abraços

  2. heliojesuino Says:

    Olá Pedro

    Sim, os desenhos são de minha autoria e o nome foi apenas uma homenagem a Jean-Christof Zamenhof. Deixei isso claro na primeira postagem desse Bestiário mas já recebi maais de um email com a mesma dúvida. Vou reunir todos numa única postagem esclarecer.
    Bizarra criatura, vc diz … bizarrice maior, caro Pedro, é a confusão armada por autores e editores em torno da obra dele.

    Também apreciei o reencontro consigo.

    Grande abraço

  3. Tuca Zamagna Says:

    O soneto do Fiophélio contém alguns erros. Meus, ao digitá-lo! Recebi um recado do não-nascido me esculhambado, e já fiz as correções na repostagem no meu blog. Comuniquei isso a ele, mas disse que aqui ficaria a seu critério. Ele não gostou e mandou outro recado, impublicável!

    Engraçado ele, não? Ia queimar os originais do livro e agora que o estamos publicando em trechos, fica putinho por causa de erros meus…

    Abraço


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